domingo, 7 de fevereiro de 2016

O regresso ao quarto...

   A Bea estava bem disposta quando deixou os Cuidados Intensivos, sair daquele lugar deu-lhe um novo alento, pelo menos para já... Durante a "viagem" brincamos com ela e ela divertiu-se um pouco. Esta "viagem" foi feita na sua cama, tendo sido a mudança para esta muito dolorosa, apesar de todo o cuidado e carinho com que os enfermeiros o fizeram. Mas, como sempre, a Bea mostrou-se uma autêntica guerreira e tudo o que sofreu, sofreu baixinho ou guardou mesmo para si...
   Nos Cuidados Intensivos não havia luz natural, então, chegar ao quarto e ter aquelas enormes janelas a deixar entrar o sol maravilhoso que brilhava lá fora, deu a todos nós uma lufada de esperança de que o pior já tinha passado. Mas não...
   A tarde foi passada a dormir, sendo intervalada por breves momentos em que ela abria os olhinhos para ver o que se estava a passar, mas completamente alheada da verdadeira realidade, pois das poucas vezes em que falou, das poucas palavras que conseguiu proferir, ela pensava que já tinham passado três dias da cirurgia. Estava completamente perdida no tempo... Continuava com muita medicação, destacando-se a morfina que continuava a correr no sangue para atenuar as terríveis dores que ela tinha. Os enfermeiros estavam sempre no quarto para verificarem os valores que as máquinas iam ditando e diziam isso mesmo, isto é, que aquele tipo de cirurgia provocava dores terríveis. Custava muito ouvir isto, mas nós compreendíamos que assim fosse. A Bea tinha sido cortada de cima a baixo, conseguíamos ver os pensos e, se a isto juntarmos o facto de ela ter a coluna cheia de material cirúrgico, torna-se fácil calcular o seu enorme sofrimento...
   Às quinze horas chegaram as suas primeiras visitas, alguns familiares. Ficaram impressionados com o que encontraram... A Bea acabou por não dar pela presença deles, ela dormia, dormia e mesmo quando abria os olhos, ela não "estava" mesmo lá...

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