domingo, 28 de fevereiro de 2016

Alta do Hospital

    A noite de vinte e um de setembro para vinte e dois foi relativamente calma, consegui descansar como já há algum tempo não fazia. Fiquei, também, feliz porque estando eu melhor, a minha mãe também conseguiu descansar um pouco. Lembro que, antes de adormecermos, ainda falamos sobre a possibilidade de sairmos no dia seguinte, ou seja, termos alta do Hospital. É curioso estar a usar a primeira pessoa do plural, mas foi isso mesmo que aconteceu: nós as duas entramos juntas naquele hospital e íamos também sair juntas. Claro que a esta nossa dupla junta-se o meu pai que esteve sempre presente, só não dormia connosco porque não podia.
    Fazendo o balanço deste período difícil das nossas vidas: o tempo até passou rápido tendo em conta tudo aquilo por que passei nos dias em que estive internada. A minha vida deu uma volta completa, e sabia que agora iria iniciar uma nova vida. É isso mesmo, uma nova vida! Antes da cirurgia não podia já fazer algumas coisas, agora, pós cirurgia continuam a existir "coisas" que eu nunca mais poderei fazer. Estas restrições magoam... Eu queria nadar todos os estilos sem qualquer tipo de restrição! Certamente estão lembrados, eu sou nadadora de competição...
    No dia vinte e dois de setembro, a meio da tarde, deixei o Hospital onde fui tratada de forma excelente. Aliás, tenho mesmo de deixar aqui um agradecimento profundo a todos aqueles que de mim trataram, foram todos incansáveis e maravilhosos. Muito Obrigada!
    Como ainda me custava andar, fui levada numa cadeira de rodas até ao carro que me transportaria até casa. Apesar das dores que o transporte me causou, foi enorme a minha alegria ao deixar para trás o Hospital e regressar à minha bela casinha. Estava um dia lindo de verão, apesar de já ter começado o outono.
    A viagem correu bem e cheguei bem a casa...

Apontamento sobre o primeiro raio-x pós operatório

   Olá!
   Não escrevi nada durante esta semana porque olhar novamente para a imagem da minha nova coluna voltou a mexer comigo. Quando a vi no hospital, lembro-me de não ter sentido nada de especial, ainda estava um pouco tonta dos acontecimentos e do sofrimento dos dias anteriores. Recordo a reação dos meus pais, senti que ficaram um pouco estranhos e até assustados.
   Agora, reconheço que continua a ser uma imagem que não me agrada muito, no entanto já aprendi a aceitá-la. E é relativamente fácil explicar isto: nunca vou esquecer a coluna que tinha antes da cirurgia, era uma coluna feia porque estava torta. Se aquela curvatura fosse só interna, ou seja, se só se conseguisse ver em raio-x, tudo estaria mais ou menos bem, mas não, a curvatura foi-se tornando visível para quem olhava para mim e, mesmo não me conhecendo de lado nenhum, houve pessoas que ficaram com uma cara de quem estava a olhar para uma "coisa do outro mundo". Aliás, cheguei mesmo a comentar isso numa das minhas publicações anteriores. As pessoas não conseguiam esconder o seu "espanto" quando olhavam para mim... Com o avançar do tempo e de forma rápida, a minha coluna foi inclinando um bocadinho todos os dias.
   Não se podia esperar mais, por isso submeti-me à cirurgia que me deixou com duas barras na vertical, catorze parafusos e o mesmo número de porcas... E é esta a minha nova coluna!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Primeiro raio-x pós operatório - Escoliose infantil

   Olá, Queridos Leitores!

   Já agradeci à minha mãe o excelente trabalho que fez neste meu/nosso blogue. Entretanto, estive a reler os textos publicados e cheguei à conclusão que ter passado o teclado à minha mãe foi uma boa ideia, pois assim ficaram com duas visões diferentes de tudo o que me tem acontecido. Estive sempre presente nos momentos em que a minha mãe escreveu. Apesar de já conhecer tudo aquilo que ela aqui vos contou, pois quis logo saber tudo ao pormenor, mal me senti com forças para tal, ainda assim, gostei de relembrar tudo! Ver escrito tudo o que me aconteceu acaba por ser também diferente. Estou a ver que tenho aqui parte da história da minha Vida...
   Para assinalar o meu regresso à escrita, deixo-vos, agora, com a imagem do primeiro raio-x da minha coluna após a realização da cirurgia. Quando vi a minha "nova coluna", fiquei muito impressionada...



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Primeiro penso e resultado das análises

   Custou um bocadinho a fazer o penso, mas a Bea acabou por se sentir um pouco mais leve e fresca.
   Por volta das onze, o doutor veio vê-la e disse que as análises tinham revelado valores satisfatórios. Apesar de ainda não apresentar os valores normais, a medula iria acabar por fazer o resto...
   O dia lá foi passando, relativamente bem e sempre bem disposta. Agora, queria ir para casa.
   À tarde, fez o primeiro raio x pós cirurgia. Foi levada numa cadeira de rodas, e a Bea até se divertiu.

   E eu, mãe da Bea, despeço-me e deixo-vos agora com ela... Fiquem bem e Muita Saúde para todos!!!

   - Bea, toma lá o teclado e continua a contar a tua história!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A transfusão de sangue.

   E o sangue continuou a correr durante cerca de quatro horas. A noite chegou e, com ela, chegaram dores insuportáveis à Bea. Por volta das duas e meia da madrugada, a Bea fez aquilo que era muito raro fazer: chorar. Estava cheia de dores e disse-me que já não aguentava mais... E as lágrimas correram abundantemente pela sua carinha.
   Rapidamente chamei a Enfermeira que lhe pôs a correr no soro um medicamento que, apesar de demorar um pouco a fazer efeito, iria acabar por aliviar as suas dores. Queria mexer-se, mostrou-se muito inquieta, não tinha posição para estar, e continuou a chorar. Por volta das quatro e meia, começou a acalmar, até que acabou por adormecer.


   Dia 21 de setembro de 2015
   Acordou cedo, ainda não eram oito. Estava calma e apresentava já uma outra carinha, estava sem dores e começou a sorrir. Tomou o pequeno almoço, estava com apetite. Algum tempo depois, mais uma tortura: tirar sangue para análise para ver como estava a anemia...
   A seguir, levantou-se para ir ao WC. Inicialmente, sentiu-se um pouco tonta, começou a transpirar, mas aguentou-se. Apesar de tudo isto, a Bea estava feliz e dava para sentir que dela irradiava uma serenidade que me ajudou também a serenar.
   Com a ajuda de uma auxiliar, dei banho à Bea. Ela queria, tinha muita vontade de lavar o cabelo, mas achamos que era melhor não o fazer, pois era a primeira vez, a sério, que ela estava mesmo de pé e não se podia abusar da sorte.
   Depois do banho, o Enfermeiro fez-lhe o penso.


Anemia... pós operatório

    Depois do grande susto provocado pela indisposição, quase desfalecimento da Bea, eis que chegou o resultado das análises. Estava com anemia. De imediato nos foi dito que há quem consiga repor os níveis de sangue no período que se segue à cirurgia, contudo, e a Bea era um desses casos, há também aqueles que não conseguem fazê-lo, tendo, por isso, necessidade de levar uma transfusão. 
    Nesta cirurgia perde-se muito sangue, daí já estarem preparados para este tipo de ocorrência. Aquando do internamento da Bea, um dos documentos que tivemos de assinar foi precisamente uma autorização para se proceder a uma transfusão de sangue, caso fosse necessário. Não demorou muito a trazerem o sangue que iria ajudar a Bea a recuperar. Confesso que me impressionou ver todo este quadro que se seguiu. No entanto, sabia que para a Bea ficar bem tinha de passar por tudo aquilo.
    E o sangue começou a correr...
    A Bea continuava muito "apagada", dormia, dormia, era nítido que se encontrava totalmente sem forças... A sensação foi de, por momentos, ter perdido, novamente, a minha filha. Ela estava ali, mas ao mesmo tempo não estava! Foi mais um momento muito doloroso...



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Tensão baixa... pós operatório.

   Depois de alguns segundos em pé, a Bea deu dois ou três passos... Vê-la andar, mesmo tendo sido tão pouco, era já uma grande vitória! Depois da cirurgia a que tinha sido sujeita, mesmo não querendo pensar, o pensamento insistia em não deixar desaparecer aquela ideia de que algo poderia ter corrido menos bem. Mas não, tinha corrido tudo bem e tudo estava a funcionar bem no corpo da Bea. Tudo, exceto a tensão que continuava muito baixa.
   Ainda antes do almoço, tiraram-lhe sangue para análise. Mais uma picada de uma agulha, contudo a Bea continuava a aguentar tudo, quase sem queixas. Continuava a impressionar-nos com a sua atitude, nada de choraminguice, suportava bem a dor, enfim, uma autêntica heroína. O almoço deste dia agradou  e Bea comeu relativamente bem.
   A tarde chegou e com ela a Bea foi esmorecendo. Começou a dormitar e a ter dificuldade em ter os olhos abertos durante muito tempo. Ao final da tarde, acordou e pediu para se levantar para ir ao WC. Sentiu-se muito mal, ficou muito pálida e chegou mesmo a revirar os olhos. Depressa foi deitada novamente e controlada a tensão, verificou-se que a tensão tinha baixado ainda mais.
   O sangue que lhe tinham tirado para análise antes do almoço, segundo o laboratório, não era suficiente, por isso, pediram mais. Lá veio a Enfermeira para picar, outra vez, o braço da Bea para recolher mais sangue. À primeira tentativa, não saiu sangue. Voltando a espetar noutro sítio, lá saiu uma pequena quantidade de sangue que daria para fazer a análise pretendida. Tudo isto a Bea aguentou sem queixas.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

E cresceu...

   Nós, pais, não tínhamos palavras para descrever aquilo que tínhamos diante dos nossos olhos, era como se a Beatriz nascesse de novo! Aquela cama, finalmente, libertou-a e essa libertação só foi possível mediante a intervenção daquelas mãos milagrosas do médico que estava a tratar a Bea. Naquele momento, nós não pudemos fazer nada, apenas contemplar aquela maravilha! O doutor fez tudo e, quando segurou as mãos da Bea para a ajudar a levantar, o milagre concretizou-se: lentamente ela levantou-se e foi crescendo, crescendo...
   É verdade, lembro-me de ter proferido o seguinte:
   - Bea, para lá de crescer! Daqui a nada estás mais alta do que eu...
   Ela estava mais alta e o facto de não a ver em pé já quase há dois dias, fez parecer que ela estava ainda mais alta... Mesmo estando ainda presa às máquinas, às agulhas - entretanto, o doutor já lhe tinha tirado o dreno e o enfermeiro a algália - a minha pequenina tinha acabado de fazer um pequeno voo e... estava ESTICADINHA!
   Não é por acaso que volto a escrever este vocábulo, agora em maiúsculas... Se bem se lembram, foi esta palavra que o doutor empregou para nos dizer como é que estava a Bea depois de ele a ter operado... É, certamente, uma palavra que ficará para sempre guardada no nosso coração!!!
   No entanto, a tensão continuava baixa...

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Escoliose pós cirurgia - Bea cresceu...

  Ainda antes de dormir, a Bea teve de passar por outra aventura. Ela continuava a queixar-se que a algália lhe provocava dores e, agora, também sentia a bexiga cheia e, por isso, vontade de urinar.  Eu dizia-lhe que isso não podia ser, se estava com algália, a urina saía sem ela dar por isso. A Bea manteve a sua versão e disse isso mesmo a um dos médicos que lá foi vê-la. A Enfermeira averiguou a situação, ou melhor, testou se realmente a urina estava a sair ou não. E isto porque, entretanto, eu controlei o volume da urina no saco e, passadas algumas horas, confirmei que o volume continuava o mesmo e a Bea a dizer que estava com muita vontade de urinar. Queixou-se um bocadinho do teste que a enfermeira teve de realizar, mas lá passou. A urina começou a correr fluidamente e a sensação de desconforto que ela dizia sentir, passou. De qualquer forma, continuava a dizer que a algália lhe doía.
   Logo nas primeiras horas da manhã do dia vinte, o pai da Bea juntou-se a nós para, todos juntos, passarmos mais uma odisseia. A noite, para ele, também tinha sido complicada, sozinho, em casa, sem nós. Por volta das doze horas e vinte minutos, fui almoçar. Como não conseguia estar muito tempo longe da Bea, depressa despachei a minha refeição. Estando eu já a caminho do quarto, recebo uma mensagem do meu marido a dizer que o doutor estava  junto deles, e que a Bea ia realizar a grande aventura daquele dia, senão mesmo, a grande aventura dos últimos tempos: ia levantar-se. Eu já estava mesmo na entrada que dava acesso ao quarto, foi uma questão de segundos. Nem imaginam a minha alegria quando, ao abrir a porta, me deparo com a imagem mais linda, encantadora dos últimos tempos, a minha filha estava sentada na cama para, de seguida, crescer!!! É isto mesmo, literalmente, a Beatriz levantou-se e cresceu...




  

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Morfina - efeitos secundários


Esqueci de referir que, no final da tarde do dia dezanove, por volta das dezoito horas, a Bea revelou-se mais inquieta e disse que estava a ficar muito indisposta. Logo a seguir, voltou a vomitar, desta vez um líquido amarelo.

Este início de manhã do dia vinte de setembro de dois mil e quinze não passaria sem antes provocar mais um valente susto. Já durante a noite, a Bea se tinha queixado de um ligeiro formigueiro nos dedos da mão. Inicialmente, pensei que fosse da posição em que se encontrava há já largas horas e tentava sossegá-la dizendo-lhe isso mesmo. Contudo, de manhã, o formigueiro foi-se acentuando até que a Bea afirmou que já não sentia uma das mãos e que o adormecimento já ia a meio do braço.

O pânico instalou-se, vi que ela estava também com um ar preocupado. Rapidamente, fui chamar o Enfermeiro que, num ápice, se colocou junto da Bea. Eram os efeitos secundários da morfina que continuava a ser injetada para aliviar as dores. Perante estes sintomas, a medicação teve de ser reajustada, a morfina não podia continuar…

Fiquem, agora, com esta fotografia.





quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Escoliose: Novo dia pós cirurgia...

   Vi a noite dar lugar ao dia... Apesar de nada poder fazer para tirar a Bea daquela situação, passei a noite a vigiá-la, o seu ar tão delicado quando estava com os olhinhos fechados a descansar um pouco daquele tormento, ou, então, vê-la um pouco desperta  para se queixar que tinha dores, não me permitiram fechar os meus olhos para descansar. Verifiquei que, em momentos como estes, vamos buscar forças sabe-se lá onde, para não permitirmos que algo de errado possa acontecer. Quando a tensão baixava muito, a máquina dava sinal e isso afligia-me...
   A manhã instalou-se, mais um dia quente de final de verão, aliás, no dia seguinte começaria o outono. A Bea tomou o pequeno almoço - leite com chocapic (únicos cereais que ela gosta). Foi tão bom contemplá-la a comer! Se já tinha algum apetite, interiorizei que o pior já tinha passado e que agora era só recuperar as forças para poder sair daquela cama que continuava a prender a minha pequenina com todas as forças... Ela não conseguia mexer-se, continuava deitada de costas, os tubos ligavam-na às máquinas, as agulhas continuavam espetadas, a algália incomodava-a, e muito... Enfim!!!
   Deram-lhe banho na cama, sentiu-se um pouco mais fresca. Contudo, mesmo tendo mexido nela com todo o cuidado e carinho, queixou-se com dores. Ouvi-la dizer que tinha dores deixava-me triste, angustiada e, também, frustrada porque eu não podia fazer nada para reverter aquela situação.
   O tempo foi passando e a Bea pediu para ligar a televisão. Conseguia ter os olhos abertos, ia mudando de canal à procura de programa que lhe interessasse, ia conversando... Lembro-me de termos comentado o facto de o pior já ter passado, aquelas longas horas no Bloco Operatório, "desligada" de tudo, já eram passado! Agora, encarar o futuro com muito otimismo...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Primeira noite no quarto...

   A tarde deu lugar a uma longa noite! O controle por parte dos enfermeiros e dos médicos era constante, todos zelavam pelo bem estar da Beatriz. Se durante o dia ela dormiu, a noite não foi diferente. A tensão continuava muito baixa, por isso foram reajustando a medicação, controlando todos os níveis e iam-me informando sobre tudo o que estava a acontecer. Sempre me tranquilizaram relativamente a cada alteração de valor que as máquinas transmitiam, eu confiava em tudo o que me diziam, mas, lá no fundo, o meu pânico era mais que muito! A Beatriz, de vez em quando, abria os olhos, mas era um despertar um tanto ou quanto estranho, ela continuava alheada do que lhe estava a acontecer, e isto, sim, causava-me muita impressão. Continuei a rezar muito e a pedir que tudo corresse bem com a minha pequenina...



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Tensão baixa... sofrimento!

   A tarde foi passando e para não incomodar a Bea, todos nós falamos baixinho. Entretanto, chegou o lanche, contudo a Bea não deu por esta refeição, pois dormia, dormia... As visitas deixaram o quarto, a Bea "continuava" desligada" do real.
   À medida que as horas iam avançando, verificamos que cada vez mais os sonos eram ininterruptos e a cor facial da Bea estava a mudar. Estava branca, um tom avermelhado dos lados do nariz e, às vezes, parecia que tinha a cara inchada. Os enfermeiros, como sempre, foram incansáveis e vinham ver como é que ela estava. A tensão começou a apresentar valores muito baixos - 7/4, 6/4 - e ela continuava a dormir... Esta situação começou a deixar-nos muito preocupados, o que é que se estava a passar?! Entretanto, começou a vir ao quarto o médico de serviço para ver como é que ela estava. Foi-nos, então, dito que a medicação estava a ser reajustada e que na epidural que a Bea ainda tinha, continuava a correr um preparado que continha morfina. Ela precisava de morfina para poder aguentar as dores...
   Estes momentos foram muito difíceis para nós, sentíamo-nos impotentes pois tínhamos que aceitar o que nos era dito e confiar que todos sabiam o que estavam a fazer. No entanto, contemplar a Bea naquela cama, com uma carinha que já não correspondia àquela que nós estávamos habituados, muito parada... Ainda hoje dói, e muito, relembrar estes momentos!
   Num dos lados da sua cama, estavam pendurados dois "recipientes": um que recebia os restos da cirurgia e o outro para onde seguia a urina proveniente da algália que tinham colocado na Bea, na sala de operações. Contemplar estes líquidos também não foi nada fácil, era demasiado material ligado à Bea: drenos, tubos, agulhas, máquinas, ...
   Fiquem, agora, com mais uma fotografia...


domingo, 7 de fevereiro de 2016

O regresso ao quarto...

   A Bea estava bem disposta quando deixou os Cuidados Intensivos, sair daquele lugar deu-lhe um novo alento, pelo menos para já... Durante a "viagem" brincamos com ela e ela divertiu-se um pouco. Esta "viagem" foi feita na sua cama, tendo sido a mudança para esta muito dolorosa, apesar de todo o cuidado e carinho com que os enfermeiros o fizeram. Mas, como sempre, a Bea mostrou-se uma autêntica guerreira e tudo o que sofreu, sofreu baixinho ou guardou mesmo para si...
   Nos Cuidados Intensivos não havia luz natural, então, chegar ao quarto e ter aquelas enormes janelas a deixar entrar o sol maravilhoso que brilhava lá fora, deu a todos nós uma lufada de esperança de que o pior já tinha passado. Mas não...
   A tarde foi passada a dormir, sendo intervalada por breves momentos em que ela abria os olhinhos para ver o que se estava a passar, mas completamente alheada da verdadeira realidade, pois das poucas vezes em que falou, das poucas palavras que conseguiu proferir, ela pensava que já tinham passado três dias da cirurgia. Estava completamente perdida no tempo... Continuava com muita medicação, destacando-se a morfina que continuava a correr no sangue para atenuar as terríveis dores que ela tinha. Os enfermeiros estavam sempre no quarto para verificarem os valores que as máquinas iam ditando e diziam isso mesmo, isto é, que aquele tipo de cirurgia provocava dores terríveis. Custava muito ouvir isto, mas nós compreendíamos que assim fosse. A Bea tinha sido cortada de cima a baixo, conseguíamos ver os pensos e, se a isto juntarmos o facto de ela ter a coluna cheia de material cirúrgico, torna-se fácil calcular o seu enorme sofrimento...
   Às quinze horas chegaram as suas primeiras visitas, alguns familiares. Ficaram impressionados com o que encontraram... A Bea acabou por não dar pela presença deles, ela dormia, dormia e mesmo quando abria os olhos, ela não "estava" mesmo lá...

Dos Cuidados Intensivos para o quarto...

   E a manhã passou... Na hora de almoço serviram uma refeição à Bea, mas ela não tinha nenhum apetite. Nós ainda insistimos para que ela comesse, mas sem resultado, ela sentia-se agoniada e não conseguia comer. Apesar de estar com soro, ficamos preocupados pois já há muitas horas que ela não metia nada à boca. A muito custo, lá conseguiu beber o sumo de pêssego, que é o seu preferido, aliás é o único que ela bebe, e comeu um bocadinho de pera. Eis uma fotografia do primeiro almoço...






   Por volta das catorze horas, depois de lhe terem dado uma injeção na barriga - que eu não consegui ver, tive que me afastar, impressiono-me muito facilmente com este tipo de coisas, ainda mais na minha filha - teve alta da Unidade de Cuidados Intensivos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Antes de eu adormecer... Anestesia!

   Olá!
   Vou, então, contar-vos tudo o que aconteceu desde que entrei na sala onde fui operada. Deixar os meus pais custou-me muito, vê-los a ficar para trás deixou-me muito triste e com muita vontade de chorar... Mas sabia que eles não podiam estar comigo, por isso tive mesmo de me acalmar!
   Quando entrei na sala de operações, fiquei assustada com todo aquele ambiente, máquinas por todo o lado, ferramentas (acho que posso chamar assim) para fazer a operação e, no meio da sala, uma espécie de mesa onde me deitaram. Havia, também, muitas pessoas vestidas com batas verdes, eram médicos e enfermeiras. A médica anestesista veio logo ter comigo e foi muito simpática, ajudou-me a ficar mais à vontade. Falamos sobre muitas coisas: os meus pais, o meu irmão, onde é que morava, o meu aparelho ortodôntico, aparelho este que a médica também usava, entre outras coisas. Ah, ela contou-me que também tinha escoliose, mas como era muito ligeira não foi preciso operar. Disse-me que tudo ia correr bem e que eu ficar com a coluna direitinha. Também vi expostos os RX da minha coluna, estavam com uns riscos desenhados...
   Passados alguns minutos, não sei dizer se foram muitos ou poucos, viraram-me de barriga para baixo, tendo ficado com a cara encaixada numa espécie de almofada, redonda, com um buraco no meio. Quando me vi naquela posição, fiquei muito aflita pois meti na cabeça que eles já me iam cortar e eu ainda estava acordada. Depois, aconteceu uma coisa muito estranha: eu queria dizer a quem estava junto de mim que ainda estava acordada, que ainda não me podiam operar... Eu queria falar, eu queria gritar, mas não conseguia... Eu sabia as palavras que tinha de dizer, mas o som não saía! Fiquei muito aflita, ainda senti alguma movimentação na sala até que... Adormeci!!!
   Agora que estou a pensar nisto, reconheço que ainda me assusta um pouco, foi realmente muito estranho!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Manhã nos Cuidados Intensivos

   A manhã também passou muito vagarosamente, mas ter a Bea já na posse das suas faculdades foi maravilhoso. Já tinha tomado consciência que a cirurgia já estava feita e que tinha acordado bem. Teve necessidade de satisfazer a sua curiosidade relativamente a tudo o que aconteceu enquanto dormia. Tive de lhe contar tudo até ao mais ínfimo pormenor. Quando lhe disse que ela parecia ter-nos reconhecido junto de si, na noite anterior, ela riu-se e referiu não se lembrar de absolutamente nada. Quando lhe descrevi o penteado que lhe tinham feito, voltou a sorrir.
   Apesar de tudo, ela estava com bom aspeto, com um ar sereno e tranquilo. A minha pequenina, por agora, estava bem. As enfermeiras continuavam a vigiar todos os valores que as máquinas ditavam, iam introduzindo medicamentos no soro, tudo para a Bea não ter dores e acautelar complicações futuras.
   A manhã foi passando, até que chegou o pai da Bea. Foi imensa a sua alegria quando a viu acordada e relativamente bem disposta. E ela também ficou muito contente ao vê-lo. Aproveitei a presença do meu marido, para ir até ao quarto tomar banho e mudar de roupa (estava ainda salpicada do líquido verde que a Bea tinha vomitado). Passei, ainda, pelo Bar para comer qualquer coisa para conseguir aguentar o que ainda estava pela frente...
   Novamente juntos, a Bea contou-nos tudo o que se tinha passado no Bloco Operatório até ao momento em que adormeceu. Este relato vai ser escrito pela Bea...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Apontamento sobre a minha queda...

   Olá!
   Decidi, hoje, escrever algumas palavras para verem que eu estou mesmo bem. O que a minha mãe escreveu, ontem, mostra pouco o estado em que ela ficou quando lhe mostrei os meus ferimentos. Realmente a queda foi aparatosa, mas fiquei bem. Ainda não consegui perceber como é que aquilo aconteceu, o chão até era direito, mas caí! Fiquei dorida numa mão e nos joelhos e, hoje, quando me levantei, doeu um bocadinho, mas acabou por passar.
   Foi um momento mau, mas deu para eu concluir que, afinal, as barras, os parafusos e as porcas que eu tenho na minha coluna estão mesmo bem presas... E ao confirmar isto fiquei com muita vontade de rir daquela queda maluca!!!
   Tenho acompanhado a minha mãe na elaboração de todos os textos que ela tem escrito e está a saber muito bem estar a partilhar este meu projeto com ela. Quando iniciei este blogue, nunca pensei que iria ficar como está, nunca imaginei que ia ter os leitores que sei que tenho. Fico muito feliz por a minha história estar a interessar a todos os que me acompanham... Sinto-me realmente acompanhada e tenho muita vontade de continuar...
   Bem, amanhã tenho teste de Físico-Química... Vou rever parte de um conteúdo que ainda me falta e, depois, caminha!
   A minha mãe irá continuar a contar-vos a nossa história, mas quando chegar à parte em que saio do hospital e regresso à minha casinha, voltarei a assumir este teclado...
   Beijinhos!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Grande susto!

   Após quatro meses e meio após a cirurgia, hoje, quando cheguei a casa, encontrei a Bea com um penso numa mão. Pensei que estivesse a brincar comigo, mas quando me mostrou que também os joelhos tinham pensos, fiquei com o coração a bater a mil... Receei, e muito, o que ia ouvir a seguir como explicação para aquilo. Pois bem, tinha caído na escola. Apesar de estar a ouvir isto da boca dela, e mesmo estando ela, inteira, em frente a mim, eu senti uma "coisinha" muito má... Ela tem a coluna cheia de material e desde que vi o RX que mostra isto mesmo, que me sinto muito receosa com tudo o que pode acontecer à Bea: um simples encontrão, uma pequena queda ou então isto - uma grande queda, ao ponto de lhe ter ferido uma mão e os joelhos. E aconteceu mesmo! Hoje estava vestida com calças de ganga, pois bem, as calças ficaram com buracos nos joelhos. Foi um enorme susto para nós, ela não sabe explicar o que aconteceu, pura e simplesmente caiu.
   Passado o choque, disse à Bea:
   - Assim confirmaste que o material que está a segurar a tua coluna realmente não sai!
   Esta cisma da Bea é real, mas na próxima publicação voltarei ao ponto em que estava, nos Cuidados Intensivos, até chegar ao momento em que o material que a Bea "carrega" na coluna, começou a fazer-lhe muita confusão...
   Ainda muito há para contar: muito sofrimento, grandes sustos, algumas alegrias e continuaremos a ver o que o Destino ainda reserva para nós...