E a noite lá foi passando, vagarosamente, mas como tinha a Bea ao meu lado, ainda que naquele estado, sentia-me "bem". Aquelas longas horas da cirurgia foram bastante marcantes, foi mais do que um pedaço de mim que saiu de junto de mim, toda eu mergulhei num estado de ansiedade, nervosismo, sofrimento indescritíveis... Sabia que não podia fazer nada, ela estava nas mãos dum médico conceituado neste tipo de cirurgia, só tínhamos de confiar... Mas, penso poder dizer, que todos nós sabemos o que custa quando temos de entregar a "vida" dum filho nas mãos da Medicina e de Deus! Saber que ela estava a levar anestesia geral estava a fazer-me muita confusão.
Mas voltemos aos Cuidados Intensivos... Como já referi, a Bea ia acordando e falava como se ainda não tivesse sido operada, aliás, numa dessas vezes, perguntou-me quando é que ia para o Bloco. Houve um momento em que o cansaço apoderou-se de tal forma de mim, que dormitei um pouco. Foram breves minutos pois a Bea estava sempre a acordar. Por volta das sete da manhã, ficou mais agitada, indisposta e começou com vómitos. De repente, a sua boca parecia uma fonte, jorrou um líquido tão verde, muito, muito esquisito. Fiquei muito assustada ao ver a Bea muito aflita, tentei que não se sujasse muito, mas foi impossível, o líquido era tanto que até a mim me sujou. Depressa chegaram as enfermeiras e limparam tudo.
Poucos minutos depois, chegou a médica anestesista e disse que aquele líquido verde constituía um efeito secundário da morfina que a Bea estava a levar para as dores. As dores eram muitas e muito fortes e só a morfina conseguia ajudar... Ouvir falar em morfina deixou-me apavorada! Mas tinha de ser, as dores eram mesmo muito intensas e se só aquele medicamento lhe atenuava as dores, paciência!
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