sábado, 30 de janeiro de 2016

As primeiras "palavras", ainda nos Cuidados Intensivos

   Ver ali a Bea, assim, silenciosa e quieta deixou-nos um tanto ou quanto perturbados. Contudo, a médica anestesista, ao ver as nossas caras de preocupação/aflição, sossegou-nos, dizendo que a Bea estava bem, que se tinha portado muito bem no Bloco Operatório. Contou-nos que, antes de adormecer, falou um pouco com ela. Tinha-lhe dito o nome e profissões dos pais, o nome do irmão, o que é que gostava de fazer... Tinham, também, falado sobre o aparelho ortodôntico que ambas usam. Aliás, neste ponto, a doutora disse que tivera muito cuidado com a boca da Bea no momento em que a viraram de barriga para baixo.
   A Bea continuava "apagada" e isso estava mesmo a transtornar-nos. A médica percebeu e disse que nos ia mostrar que ela estava mesmo bem. Então, com os dedos dela apertou, de cada lado do pescoço da Bea, sensivelmente na zona abaixo das orelhas, e a Bea abriu os olhinhos. Meteu-nos muita impressão e pedimos para a deixar estar. A doutora, muito querida, disse-nos que não a estava a magoar, só queria que a Bea soubesse que os pais estavam ali junto dela. E assim foi, disse-lhe que nós estávamos ali... Imediatamente falamos com ela, percebemos que ela nos tinha sentido junto de si, que nos ouvira, mas não conseguiu articular uma palavra que fosse, somente uns grunhidos. Tanto sofrimento, meu Deus!!!
   A "luz", naquela longa e dolorosa noite, voltou a acender-se, a Bea tinha dado um sinal e, para nós, aquilo constituía já uma grande vitória. Nós sabíamos que ia ser muito doloroso e que todo este processo seria lento. A doutora ainda nos contou alguns pormenores da cirurgia e disse que este tipo de intervenção faz realmente milagres e que é simplesmente lindo o momento em que a coluna é esticada... A coluna da Bea estava um autêntico S, isso nós sabíamos, por isso conseguimos, mesmo sem termos visto, imaginar esse momento em que a coluna fica direita. É simplesmente maravilhoso e tratando-se da coluna da nossa filha, não conseguimos verbalizar aquilo que nos vai na alma!

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