domingo, 31 de janeiro de 2016

A noite nos Cuidados Intensivos

   A médica anestesista ainda ficou mais algum tempo junto de nós, a controlar todos os valores que as máquinas iam ditando. As enfermeiras também foram incansáveis, e isso fez-nos perceber que a Bea estava a ser muito bem tratada, aliás, não exagero, ao dizer que todos mimaram a Bea e muito. Enquanto isto, a Bea continuava a dormir muito serenamente.
   Entretanto, a médica saiu e ficamos ali com a nossa menina... As enfermeiras continuaram a controlar todas as máquinas, a ajustar a saída do soro, etc. Tinham-nos dito que eu poderia passar a noite com a Bea, o que me deixou muito feliz. Gostava que o meu marido também ficasse, mas não era permitido. Assim, por volta da meia noite, fiquei sozinha com a Bea.
   Nas conversas que tínhamos tido antes da cirurgia, uma das coisas que ela tinha pedido era que quando saísse do Bloco e estivéssemos com ela, lhe pegássemos na mão. E foi precisamente isto que fiz. Peguei na mãozinha dela e, assim, passamos a noite. A enfermeira tinha posto ao lado da cama dela um sofá que dava para me deitar e disse-me para eu tentar descansar. Não consegui, a Bea segurou a minha mão, mesmo continuando a dormir. Assim, ela descansou e eu fiquei descansada ao vê-la serena, a dormir. Durante a noite, a vigilância por parte das enfermeiras continuou... A Bea, de vez em quando, gemia e eu acalmava-a e foi imensa a minha alegria quando percebi que ela sabia que eu estava ali a segurar na mão dela, tal como tínhamos combinado! Foram várias as vezes em que ela acordou do seu longo "sono", um pouco agitada (normal, segundo a Enfermeira) e, curioso, sempre que despertou, falava como se ainda não tivesse sido operada. Eu acalmava-a, dizendo-lhe que já estava tudo bem, que a coluna já estava direita. Ela parecia perceber as minhas palavras e voltava a adormecer, exibindo um ar de felicidade, alívio... Mais tarde, verifiquei que ela não tinha dado por nada daquilo, das suas reações, pura e simplesmente não se lembrava. Já fora do período crítico e na posse total de todas as suas faculdades, ao ouvir este relato, a Bea riu. É tão bom vê-la sorrir!!!

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