Não me lembro de sentir o tempo a passar tão devagar...
Ficámos sentados em frente a uma outra porta que também dava acesso ao Bloco Operatório. Junto a esta porta havia uma campainha que podíamos tocar se pretendêssemos saber informações sobre a cirurgia da Bea. Achamos que não devíamos incomodar porque já nos tinha sido dito que a cirurgia seria muito longa. É óbvio que momentos houve em que a vontade de carregar naquele botão foi intensa, mas decidimos esperar...
A espera tornava-se cada vez mais dolorosa, como estaria a nossa pequenina?! O tempo passava e a angústia aumentava, até que, de repente, aquilo que há pouco constituía uma interrogação retórica, acabou por se converter numa questão que desejava ardentemente uma resposta. A dita porta tinha-se, entretanto, aberto porque um senhor tinha tocado para saber informações sobre alguém que também estava a ser operado naquele momento. Aproveitámos e, sem querer incomodar, mas incomodando, pedimos à Enfermeira que nos desse novidades. Pediu para aguardarmos um bocadinho enquanto ia saber informações. Daí a pouco, regressou e, carinhosamente, disse que estava a correr tudo bem, mas que ainda faltava muito para terminar. Isto aconteceu por volta das vinte e uma horas.
Sabermos que estava tudo a correr bem proporcionou-nos um pouco de tranquilidade, contudo esta sensação depressa se evaporou. Começando a contar os minutos, as horas que passaram desde que vimos a Beatriz pela última vez, fez crescer em nós, novamente, o receio perante tudo o que estava a acontecer. E outra vez a revolta: mas porquê isto, porque é que isto tem de ser assim?!!!
Por cima da referida porta estava o relógio que teimava em fazer passar muito lentamente o Tempo...
Às vinte e duas horas e trinta minutos, a porta abriu-se e ouvimos:
- Os pais da Beatriz...
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